Mesmo que pouco do português do Brasil tenha sido alterado com o Acordo Ortográfico, ainda aparecem dúvidas aqui e ali. Todas, como sempre, pertinentes.
E muitas dessas dúvidas, acredito, estão relacionadas ao não conhecimento do espírito da norma. Como no judiciário, para entender um direito, é preciso ir além da literalidade da lei, é fundamental que se reconheça o intuito do legislador.
Então, em primeiro lugar, devemos ter em mente que não tivemos nenhuma reforma ortográfica após 1911, ano em que as bases de nossa ortografia foram instituídas em Portugal. De lá para cá, temos a tendência, tanto aqui quanto em Portugal, de tornar nossa língua mais simples, mais fonética. Isso explica, por exemplo, a queda do y de São João Del Rey, do ph de pharmácia, do th de theatro, etc, traços de uma escrita mais etimológica.
Ciente desse desejo de longa data, o segundo passo é perceber que tudo está aí, sendo críticos ou não ao Acordo, para simplificar, facilitar. Acreditar nisso não só amplia o entendimento das propostas do Acordo como também pode derrubar a barreira natural às mudanças.
Dito isso, vamos à questão de hoje.
Quando a palavra geral é um adjetivo que acompanha um substantivo, sem que o sentido original seja alterado, não haverá hífen. Por isso, não usamos hífen para unir palavras como assembleia geral, reunião geral, comissão geral, regulamento geral, entre outras alterações dessa natureza.
O adjetivo geral liga-se com hífen apenas em nomes de cargos e profissões, e em nomes das divisões e órgãos administrativos a eles relacionados. Assim, temos:
· Cônsul-Geral e Consulado-Geral • Procuradoria-Geral e Procurador-Geral
· Secretário-Geral e Secretaria-Geral
· Subsecretário-Geral
· Ouvidor-Geral e Ouvidoria-Geral
· Diretor-Geral e Diretoria-Geral.
A mesma lógica dever ser seguida para os adjetivos adjunto e executivo. Veja:
· Secretária-adjunta
· Editor-executivo
· Seguindo o mesmo raciocínio, temos hífen nos seguintes casos:
· postos e gradações da diplomacia: primeiro-secretário, segundo-secretário;
· postos da hierarquia militar: tenente-coronel, capitão-tenente;
· postos hierárquicos dentro de empresas: diretor-presidente, editor-chefe, editor-assistente, sócio-gerente;
· cargos formados por numerais: primeiro-ministro, primeira-dama, primeiro-secretário.
Não é complicado, mas, se a dúvida persistir no cotidiano de escriba, lembre-se de consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), disponível no site da Academia Brasileira de Letras (ABL). Solução certeira.
Português em foco: Hífen e o adjetivo geral. Breve Faciam – SEDOC. TRT-MG. nº 35, 5/10/2018.
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