Nascido em Jaguariaíva em 18/07/1912. Pais Dr. Eurides Cunha e Maria José da Cunha. A Fazenda em que nasceu chamava-se Fazenda Samambaia e pertenceu, inicialmente, ao seu avô. Por consequência, também ao seu pai. Faleceu em Londrina na data de vinte e cinco de abril de 2002. Na ocasião, tinha oitenta e nove anos de idade. Seu pai, Dr. Eurides Cunha, nasceu em Campo Largo em 26 de junho de 1872. O mesmo era filho do Coronel Domingos Cunha e Maria Portela Cunha. (Avós do Rui Cunha). Coronel, no entanto, era um título dado pela Guarda Nacional criada em 1831. As patentes eram dadas para pessoas, segundo as suas posses econômicas, que podiam mobilizar muitas outras, bem como municia-las, a fim de permitir a segurança na própria região pretendida.
Em 1892, Eurides Cunha formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo. Retornou ao Paraná fixando-se em Jaguariaíva, Proximidades com a Fazenda Samambaia de propriedade do pai do mesmo. Radicando-se em Jaguariaíva, tornou-se Prefeito da mesma em 1912. Ano que nasceu Rui Cunha. Reelegendo-se em 1916. Nesse mesmo ano, 1912, foi criada a Universidade do Paraná em Curitiba. Ficou ao lado de Afonso Camargo no seu primeiro Governo. Tornou-se vice-governador na Chapa de Caetano Munhoz da Rocha. Assumiu o Governo do Paraná no período de 01/06 a 21/09/1923 pela ausência do titular. Foi Deputado Federal. Quando o Governador Afonso Camargo retornou, (segunda gestão), foi Prefeito Municipal de Curitiba de 1928 a 1930, quando eclodiu a Revolução Getulista. Decorrente da mesma, o Governador Afonso Camargo foi destituído. Em vista disso, o pai do Rui Cunha, (Eurides Cunha), recolheu-se à sua Fazenda em Jaguariaíva. Tal Fazenda pertencera ao avô do Rui Cunha. (O Coronel Domingos Cunha casado com a Maria Portela Cunha). Uma Fazenda com enorme área e destinada ao comercio do gado. Nessa época, Rui Cunha á cursava Direito na Universidade Federal do Paraná. Por essa razão, continuou morando e estudando em Curitiba. Eurides Cunha teve doze filhos. Pode-se afirmar, no entanto, que os seus filhos em idade escolar mais significativas estudaram em Curitiba. . Em 1932, Manoel Ribas, tornou-se Interventor no Paraná. O mesmo era muito amigo de Eurides Cunha. Assim, em 1933, por ocasião da formatura do Rui Cunha em Direito na Universidade Federal do Paraná, o mesmo viu-se convidado pelo Interventor para assumir a promotoria de São José da Boa Vista. Diante disso, pode-se afirmar que, ainda criança, Rui Cunha e seus familiares foram para Curitiba pois seu pai, Eurides Cunha, também advogado, mas formado em São Paulo, acabou exercendo importantes cargos públicos no Estado do Paraná.
Anteriormente a tais fatos, porém muitos anos antes, os Cunha possuíam moradia na Fazenda Samambaia em Jaguariaíva. O acesso, por trem, de Curitiba a Jaguariaíva, bem como vice-versa, era muito fácil. Fez curso primário em Curitiba e também o Ginásio. Então denominado Ginásio Paranaense, localizado na Rua Ébano Pereira e muito próximo do centro. A rua Ébano Pereira, começava na Rua XV de Novembro. Nessa época, também já existiam em Curitiba outras entidades de ensino secundário. Curitiba nessa ocasião da sua juventude e mocidade, já possuía intensa vida cultural e social. Escolas, Cinemas, Teatro, Universidade e Clubes Sociais funcionando. Rui Cunha, enquanto vivo, sabia dissertar não somente sobre Curitiba mas também sobre a própria História do Paraná. Conheceu o Monsenhor Celso Itiberê da Cunha e que tinha origem em Paranaguá. O mesmo faleceu por volta de 1930. Formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná em 1933. Ingressou na mesma por volta de 1929. Já funcionava no local defronte à Praça Santos Andrade. Porém, o prédio era menor. Nessa ocasião, os fundadores dessa Universidade estavam quase todos vivos. Conheceu a maioria deles. Conheceu bem o Interventor Manoel Ribas, amigo do seu pai, e quem lhe nomeou como Promotor Público na localidade de São José da Boa Vista. Local este, não muito distante da Fazenda.
Samambaia. Manoel Ribas foi Interventor no Paraná de 1932 a 1945. Ora como Interventor ora como Governador. Manoel Ribas nasceu em Ponta Grossa.
Porém, estudou em Castro num internato particular. Foi aluno do Rocha Pombo. Em 1897, Manoel Ribas deslocou-se para Santa Maria então um notável entroncamento ferroviário no Rio Grande do Sul. Foi trabalhar na Administração da ferrovia neste local. Em 1927, Manoel Ribas tornou-se Prefeito de Santa Maria. Cidade esta que não distava muito de São Borja. Local onde nasceu Getúlio Vargas e também tinha Fazenda. O Interventor Manoel Ribas possuía boa formação escolar e profissional. Getúlio era Governador do Rio Grande do Sul nessa época e, em 1930, devido a Revolução Liberalista, assumiu a Presidência da República. Devido a esse relacionamento com Getúlio Vargas, Manoel Ribas acabou sendo convidado para ser o Interventor no Paraná. Em 1870, a Província do Paraná criou o Distrito Judiciário de São José da Boa Vista. Em 1897 foi elevada a condição de cidade. Por consequência, Comarca. Por ocasião da sua nomeação como promotor público, São José da Boa Vista era Comarca e abrangia outras localidades. Dentre elas, Wenceslau Braz. aguariaíva já era localidade importante no século 19.Fazia parte integrante do Caminho das Tropas. Ali, foi um importante local para descanso do gado. O Caminho das Tropas, (gado), vinha do sul do país e seguia em direção a Sorocaba. Assim, a Fazenda Samambaia fazia parte deste contexto. Quando Rui Cunha nasceu, a Estrada de Ferro já passava por Jaguariaíva podendo-se ir a São Paulo, Curitiba, ou até mesmo o Rio Grande do Sul e ainda Joinville. Igualmente, podia-se ir a São Mateus do Sul e União da Vitoria. A História de Jaguariaíva começava com Luciano Carneiro Lobo que aí adquiriu uma Fazenda importante. O mesmo era filho do português Francisco Carneiro Lobo casado com a Quitéria Maria da Rocha. Famílias importantes e antigas da cidade de Jaguariaíva:- Xavier da Silva, Ferreira de Almeida, Mello, Fonseca, Ribas, (ligada ao Interventor Manoel Ribas sendo que este nasceu em Ponta Grossa), Cunha, Sampaio, Pena, Biscaia e Marques, dentre outras. Portanto, o Interventor Manoel Ribas também tinha ancestrais em Jaguariaíva. Decorrente disso, é que efetuou o convite a Rui Cunha para ingressar no Ministério Público.
Rui Cunha foi admitido como promotor público, em 15/01/1934. (Formado em Direito em 1933). Ainda neste mesmo ano, foi transferido par São Mateus do Sul. Havia já a Estrada de Ferro para se ir a São Mateus do Sul e de São Mateus já funcionava a navegação fluvial de cargas e passageiros que partia daí e alcançava União da Vitoria. Muito embora, a ferrovia fosse a preferida. Em 1935, foi transferido para Paranaguá. Cidade importante no Paraná. Ainda neste ano foi para Ribeirão Claro muito perto de Jacarezinho. Também importante. Já havia o ramal ferroviário Jaguariaíva a Jacarezinho funcionando desde 1925. Jaguariaíva era o nome indígena Onça Brava. Com a inauguração da Universidade Federal do Paraná, 1912, muita gente importante da região de Jaguariaíva foi estudar em Curitiba. Fato marcante na vida de Rui Cunha pertinente aos seus primeiros anos como promotor: A briga com a igreja católica em Ribeirão Claro. (Briga pela Santa). Imagem de uma santa que foi disputada por grupos diferentes. De 1940 a 1972, foi promotor público em Londrina. De Wenceslau Braz veio para Londrina. Então, uma Comarca que tinha como limites o Rio Tibagi até o Rio Paranapanema e deste até o Rio Paraná. Um pouco abaixo do local onde hoje é a cidade de Guaíra. Portanto, uma Comarca imensa. Nessa ocasião, quando chegou a Londrina, os colegas promotores de Rui Cunha eram todos da região do Norte pioneiro, da região de Curitiba e da região de Ponta Grossa. Também da região de Jacarezinho e Wenceslau Braz. Ressaltava Rui Cunha que o cargo de promotor público permitia que o mesmo exercesse também advocacia particular. Porém, nas áreas comerciais e administrativas. Geralmente o promotor público, exercia papel destacado nos Julgamentos Criminais. Quanto ao salário, sempre foi baixo. Talvez, por essa razão, era possível ao promotor público exercer advocacia privada. Mas que não conflitasse com tais funções. Segundo ele próprio, a maior parte do tempo que exerceu o Ministério Público não teve problemas. No entanto, após a morte do Presidente Getúlio Vargas, (agosto de 1954), começaram a surgir questionamentos sociais, econômicos e políticos que acabaram desaguando na Revolução de 1964.
Nessa ocasião, já se encontrava praticamente aposentado desde poucos anos antes. No entanto, efetivamente, sua aposentadoria ocorreu no início de 1964.
Desde o início dos anos de 1960, sempre num volume crescente, as pessoas mais humildes começaram a necessitar da ajuda do Ministério Público. Porém, Rui Cunha já não mais se encontrava na linha de frente. Fatos que aconteceram com o Promotor Athos de Santa Tereza Abilhoa de forma mais atuante de parte do mesmo. Isso, chamou sua atenção de vez que o Ministério Público passou a ser constante e intensamente solicitado pelos mais humildes. Diferentemente, do que vinha sendo ao longo dos anos anteriores. Muito mais ainda, em relação aos anos em que Rui Cunha iniciou a mesma atividade. Promotor Público.
Quando chegou a Londrina, em 1940, o Prefeito da cidade era Willie Davids ligado a Companhia de Terras Norte do Paraná. Londrina era pequena, ruas em terra, pouca área desmatada e havia muita poeira quando o tempo era seco e muita lama quando chovia. Calçamentos praticamente inexistentes. Pouco tempo após ter chegado em Londrina, viu-se convidado para a formação e constituição do Rotary Club de Londrina. Esse Clube viu-se instalado no dia sete de novembro de 1940 por James Roth enviado especial do Rotary Internacional, sendo padrinho o Rotary Club de Cambará. Foi eleito Presidente, por aclamação, o Ulisses Medeiros. Então, Inspetor de Terras da Região Norte do Paraná. O Rui Cunha era diretor sem pasta. O Conselho Diretor tomou posse nas dependências do Hotel Luxemburgo.
Porém, as reuniões ordinárias passaram a ser no Hotel Paulista. No entanto, poucos dias depois, passou a ocorrer boatos, dentro do seio da igreja católica de Londrina, que tal Clube feria os preceitos da mesma. Os boatos se avolumaram e, com isso, o Presidente e o Vice, mais alguns membros do Rotary, acabaram renunciando.
Diante disso, acabou assumindo a Presidência do Rotary Clube de Londrina o Rui Cunha. Promotor de Justiça na cidade. O Rotary Clube de Londrina acabou se destacando não só na cidade como também na região e no Estado. A ponto de, no ano de 1945, Rui Cunha se tornar Governador do Distrito que então abrangia uma vasta região do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Rui Cunha muito se destacou nessa função como Governador do Distrito Rotário. Ao mesmo tempo que visitou o Distrito viajou também para vários países.
Rui Cunha sempre reportou aos companheiros que se lembrava muito bem do Juiz José Maria Munhoz de Mello que acabou sendo também Prefeito de Londrina por um curto período. Foi nomeado pelo Interventor Manoel Ribas.
O mesmo além de bom Juiz, possuía uma vasta cultura e liderança. As dependências do Fórum eram numa casa muito pequena. Muitos anos depois é que passou a funcionar onde hoje situa-se a biblioteca pública municipal. Ao lado da Igreja Matriz.
Foi Deputado suplente de 1943 a 1954. Embora um período de tempo significativo, assumiu o mandato por um período de apenas três anos. Pois suplente. Foi eleito com votos de Wenceslau Braz, Ribeirão Claro mais outras cidades da circunvizinhança. (Norte Pioneiro). A Segunda vez, no entanto, obteve mais votos em Londrina. Mas, mesmo nessa ocasião, foram os votos do norte pioneiro que complementaram a sua eleição. Possuiu o Edifício Dr. Eurides Cunha localizado na Rua Sergipe esquina com Prefeito Jugo Cabral. Arquitetura destacada. Nesse prédio possuiu seu escritório. Também aí funcionou o escritório jurídico modelo orientado pela Faculdade de Direito de Londrina. Da qual foi também professor. Quando chegou a Londrina, 1940, a mesma fazia parte da Comarca de Jacarezinho. Em 1951 foi Curador da Justiça em Curitiba. Em 1953, assumiu como primeiro suplente o cargo de deputado estadual. Em 1955, reassumiu o cargo de promotor público. Em 1961, tornou-se Procurador Geral do Estado do Paraná. Em 1962, foi promotor público em Curitiba. Em 23 de junho de 1964, viu-se aposentado no cargo.
Um pouco anterior a isso, por volta do final de 1962, retornou a Londrina. Ocasião que conheceu melhor o promotor público Athos de Santa Tereza Abilhoa que dispunha um excepcional atendimento aos mais necessitados. Mais uma vez, era uma época de muita turbulência política e as questões sociais afloravam em todo o Brasil. Fato que muito marcou Rui Cunha em relação ao também promotor Athos Abilhoa. Significativamente, mais jovem. Porém, determinado e seguro do que fazia. Fato que o diferenciava em relação a maioria dos promotores públicos então existentes no Paraná. O Ministério Público sempre teve Normas e este Promotor as seguia. Assim, de forma alguma tal determinação do mesmo divergia da orientação preceituada para o exercício da função. Rui Cunha também foi Professor de Direito da Universidade Estadual de Londrina.
No entanto, no escritório modelo de advocacia que funcionava numa das salas do seu prédio, gostava de orientar os acadêmicos de Direito que ali frequentavam, como se fazia uma petição jurídica. Primeiramente, que na mesma deveria constar, de forma abreviada, a história dos fatos de forma clara e entendível a quem quer que fosse. Que a mesma tivesse bom português e ao mesmo tempo algo cultural que complementasse e a emoldurasse. Em seguida, o embasamento jurídico. Finalizando, a petição desejada. Quanto a isso, seus ex-alunos que frequentavam tal escritório modelo, relembram que o mesmo se servia de um sofá ali existente e, praticamente deitado no mesmo, lia tais petições, discutia, as corrigia, comentava, reformulava, etc. etc. etc. Quem frequentou tal local, aprendeu muito com o Rui Cunha quanto a formulação de uma petição. Muitas vezes, peças que mereciam destaque até para conhecimento público.
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